Acho que sou autista, e agora?
- Marimar Nascimento
- 10 de nov.
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de nov.

Com a quantidade de informações sobre autismo que tem circulado nos últimos anos, é comum que muitas pessoas se perguntem: “será que eu sou autista?”
Essa dúvida é legítima e mais comum do que parece — especialmente porque:
Há muitas informações superficiais ou imprecisas nas redes sociais, que reduzem comportamentos isolados a um diagnóstico;
Muitas pessoas estão descobrindo o autismo apenas na vida adulta, já que hoje o conhecimento sobre o espectro é mais amplo e acessível.
Se você se reconhece em algumas características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e quer entender o que fazer a partir dessa suspeita, este guia foi feito para te ajudar.
Passo a passo para confirmar (ou descartar) o diagnóstico de autismo em adultos
1. Perceber características do espectro autista
Se você enfrenta dificuldades em interações sociais ou relacionamentos, tem interesses muito intensos ou específicos, apresenta rigidez em rotinas ou sensibilidades sensoriais (a sons, texturas, cheiros, luzes), vale conversar com um profissional de saúde mental para investigar a hipótese.
2. Conversar com um profissional de saúde mental
Procure um psicólogo, neuropsicólogo ou psiquiatra para compartilhar suas dúvidas.O profissional pode aplicar testes de rastreio e realizar entrevistas clínicas que ajudam a entender se os traços observados correspondem ao espectro autista ou a outras condições semelhantes (como TDAH, ansiedade ou traços de personalidade).
3. Realizar uma avaliação neuropsicológica
A avaliação neuropsicológica é conduzida por um psicólogo especializado e costuma ocorrer em vários encontros.Durante o processo, o profissional utiliza entrevistas, escalas e testes psicológicos para mapear funções como memória, atenção, linguagem, cognição social e inteligência. Com base nesse perfil, é possível levantar e confirmar hipóteses diagnósticas, diferenciando o TEA de outros transtornos.
4. Realizar uma avaliação psiquiátrica
O psiquiatra é responsável por integrar os resultados da avaliação neuropsicológica com a análise clínica, confirmando (ou não) o diagnóstico e emitindo o laudo médico, documento necessário para acessar direitos legais e apoio adequado.
5. Emitir a CIPTEA
A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) facilita o acesso aos direitos garantidos por lei, como gratuidades e prioridade em serviços públicos.Você pode consultar o site oficial do Autismo Legal para mais informações sobre esses direitos.
6. Iniciar a psicoterapia
A psicoterapia é essencial no processo de autoconhecimento e adaptação após o diagnóstico.O foco é reduzir o sofrimento emocional, manejar o masking (mascaramento), fortalecer a autoestima e desenvolver estratégias de regulação emocional e social.A terapia também ajuda a compreender como o autismo influencia as experiências pessoais e a construir uma rotina mais coerente com suas necessidades.
7. Conhecer seus direitos e fortalecer sua rede de apoio
Além da CIPTEA, é importante conhecer os direitos das pessoas autistas e identificar sua rede de apoio — família, amigos, grupos e profissionais que possam contribuir para o seu bem-estar e inclusão.
E agora, em que etapa você está?
Se você suspeita estar dentro do espectro autista, saiba que não está só. A avaliação neuropsicológica e a psicoterapia podem ajudar a compreender melhor seu funcionamento, reduzir o sofrimento e construir uma rotina mais leve e coerente com suas necessidades.
Esses são os dois serviços que eu ofereço — com uma abordagem acolhedora, ética e adaptada às necessidades de cada pessoa.
Agende uma sessão e dê o primeiro passo para compreender melhor seu funcionamento e iniciar um processo de cuidado consciente.
Por que muitas pessoas só recebem o diagnóstico de autismo na vida adulta?
Você já percebeu que o diagnóstico de autismo em adultos tem se tornado mais comum? Por que isso acontece? Será que há exagero nos diagnósticos ou apenas maior reconhecimento e acesso à informação?
No próximo artigo, eu explico por que tantas pessoas autistas são identificadas apenas depois dos 20, 30 ou até 40 anos — e como isso impacta suas histórias pessoais.

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